Não é fácil identificar logo a depressão bipolar quando esta
se inicia. Os sintomas muitas vezes parecem problemas separados, pelo que
dificilmente são reconhecidos como fazendo parte de um problema mais vasto.
Embora por vezes a depressão se apresente com manifestações
muito fortes e evidentes, são muito frequentes as manifestações mais moderadas
que podem passar despercebidas e que tornam o diagnóstico de bipolaridade num
dos mais difíceis e complexos em saúde mental.
Apesar do interesse crescente no transtorno bipolar e do
número cada vez maior de pesquisas quer em nível do diagnóstico, da
neurobiologia, da epidemiologia e do próprio tratamento, o transtorno bipolar
continua a ser tardiamente diagnosticado e inadequadamente tratado. Estima-se
que apenas 1 em cada 4 casos sejam diagnosticados.
O transtorno bipolar apresenta sintomas comuns a outras
patologias psiquiátricas, o que torna a tarefa difícil. O próprio
desenvolvimento do transtorno pode, por vezes, induzir em erro – podemos por
exemplo, ter de esperar alguns anos antes de surgir um episódio de mania, pelo
que na ausência deste se fará um diagnóstico de depressão unipolar e não, de
bipolaridade. Somente nos últimos anos, se tem reconhecido a importância dos
quadros de “hipomania” (quadros de mania mitigada, que não se apresentam com a
gravidade dos quadros de mania propriamente dita).
De referir ainda que tanto os pacientes como os familiares
podem considerar a hipomania como normal, e como tal não a valorizam,
confundindo-a.
Em termos de diagnóstico podemos dizer que a mania é o
episódio mais característico, sendo também aquele que mais resulta em
internamentos agudos em virtude das graves mudanças de comportamento e conduta
que provoca. A hipomania – a sua forma mais leve, era praticamente desconhecida
pela maioria dos clínicos até pouco tempo, sendo confundida com a normalidade,
ou seja, com os traços de personalidade do indivíduo.
A diferenciação entre a depressão bipolar e a depressão
unipolar, especialmente quando é recorrente, pode não ser fácil. Há de
salientar, contudo, que a diferenciação entre ambas é fundamental, em virtude
do tratamento da depressão bipolar incluir necessariamente o uso de
estabilizadores de humor, pelo risco de viragem para a fase de mania e da
possível intervenção no curso e prognóstico da doença.
Autor: Isabel Policarpo (in: https://www.oficinadepsicologia.com/bipolaridade-e-diagnostico-diferencial/)
ERRATA: 1 - Fizemos a substituição do termo "distúrbio", por depressão ou transtorno.
2 - Também foram realizados alguns ajustes ortográficos.
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