O maior equívoco que as pessoas cometem, é esse. Ter bipolaridade para muitos, é como se a pessoa mudasse de opinião a todo instante ou mesmo, falasse com você um dia e outro não. Quando escuto essas coisas fico muito incomodada. Tenho bipolaridade e sei o que é ter esta condição. Tive três diagnósticos. Fugi dos dois primeiros. Mas quando o terceiro chegou, foi como um soco no estômago. Como assim? Mais uma vez? Precisei parar, pesquisar, conversar sobre... Voltei ao médico. Precisei conhecer mais sobre tudo isso. Percebi, que precisava aceitar a doença e o tratamento. Assim, como, todas as mazelas que o conjunto traz. Mas não foi nada fácil. Sofri muito. Adaptação de medicação, efeitos colaterais, rejeições... Olhava para o meu passado e cada vez mais, via meu transtorno presente nos conflitos da minha vida, desde a mais tenra idade. Eu era "sem pavio". Brigava por qualquer coisa, mas era a rainha do bom humor, também. Mas eu estava decidida a lutar por uma vida melhor e mais feliz. Voltei a fazer terapia, comecei acupuntura para o TAB (o meu médico acupunturista estudou o transtorno na acupuntura e aplica em mim) e entrei para a academia. Lá, na academia, descobri as artes marciais. E foi o despertar de uma grande paixão. O kickboxing. Comecei a treinar intensamente. E fui percebendo, que as mudanças de "pólos" se distanciavam, que a intensidade das crises diminuíam e eu começava a conhecer meus gatilhos. Minha psicóloga chamou minha família para uma conversa e pediu que lhes falassem o que em mim incomodava a cada um. E à medida que relatavam, ela ia explicando qual característica era do transtorno e qual era da minha personalidade. Assim, como também, de que forma lidar comigo em cada fase, o que era especificamente o transtorno e a troca de telefones para as necessidades. Tudo em casa ficou mais fácil e mais tranquilo. Hoje, consigo ter mais tempo em equilíbrio. Embora os desequilíbrios ainda aconteçam, posso dizer que sou feliz, mesmo na minha situação. Trabalho normalmente e sou respeitada em ambos os ambientes de trabalho. Os colegas têm conhecimento do TAB em mim e me ajudam quando preciso. Alguns já me conhecem tanto, que são capazes de saber o meu humor ao olhar pra mim. Até mesmo os netos, já aprenderam a cuidar da vovó.
Falar em Transtorno Afetivo Bipolar, é saber que eu tenho o transtorno, mas o transtorno não me tem. A Bipolaridade não me define. Sou muito mais que um transtorno.
Não sou bipolar. Eu tenho bipolaridade.
História Real***
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