domingo, 29 de novembro de 2020

Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável (ou Transtorno de Personalidade com Instabilidade Emocional)

 


O Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável (ou Transtorno de Personalidade com Instabilidade Emocional) é um diagnóstico psiquiátrico equivalente ao Transtorno de Personalidade Borderline pertencente ao manual de classificação CID-10 (da Organização Mundial da Saúde). O diagnóstico difere significantemente daquele do manual DSM-IV usado pela Associação Americana de Psiquiatria.

É caracterizado pela tendência a agir de modo imprevisível e impulsivo, sem consideração pela consequência; humor imprevisível e instável; tendência a acesso de cólera e incapacidade de controlar o comportamento impulsivo; tendência a adotar comportamento explosivo e a entrar em conflito com os outros, particularmente quando os atos impulsivos são contrariados ou censurados. Existem 2 Subtipos desse transtorno: impulsivo e Borderline.

 

A Classificação Internacional de Doenças - Volume 10 da Organização Mundial da Saúde divide o transtorno de personalidade emocionalmente instável (Código: F60.3) em dois subtipos: o tipo impulsivo e o tipo Borderline.

 

F60.30 – Tipo Impulsivo

1. O critério geral de transtorno de personalidade deve ser alcançado.

2. Pelo menos três dos seguintes sintomas abaixo devem estar presentes; é obrigatória a presença do sintoma B:

a. Tendência em agir impulsivamente e sem consideração com as consequências;

b. Tendência a ter um comportamento briguento e entrar em conflito com os outros, especialmente quando os atos violentos são contrariados ou criticados;

c. Tendência a explosões de ira e violência, com incapacidade de controlar os resultados subsequentes;

d. Dificuldade em manter qualquer ação que não ofereça recompensa imediata;

e. Humor instável e caprichoso.

Também é conhecido como Transtorno de Personalidade Explosivo e Agressivo.

 

F60.31 – Tipo Borderline

1. O critério geral de transtorno de personalidade deve ser alcançado.

2. Pelo menos três dos sintomas mencionados no critério 2. do Tipo Impulsivo (F60.30) devem estar presentes. Em adição, pelo menos dois dos sintomas abaixo devem estar presentes:

a. Perturbações e incertezas sobre a autoimagem, metas, preferências internas (incluindo sexualidade);

b. Tendência a se envolver em relações intensas e instáveis, sempre levando a crises emocionais;

c. Esforços excessivos para se evitar abandono;

d. Atos ou ameaças recorrentes de autolesão ou suicídio;

e. Sentimentos crônicos de vazio.

Diz respeito ao Transtorno de Personalidade Borderline propriamente dito.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

O que é TAB - Transtorno Afetivo Bipolar?


O Transtorno Afetivo Bipolar é uma doença que caracteriza-se por episódios repetidos, nos quais o humor e os níveis de atividade do paciente estão significativamente perturbados. Esta alteração consiste em algumas ocasiões, de uma elevação do humor e aumento de energia e atividade (mania ou hipomania) e em outras de um rebaixamento do humor e diminuição de energia e atividade (depressão).

Afeta cerca de 1,6% da população geral. A frequência entre homens e mulheres é semelhante, a idade de início é de 20 a 40 anos. Os episódios maníacos geralmente começam abruptamente e duram entre 2 semanas e 4-5 meses. Os episódios depressivos tendem a durar mais tempo, em média 6 meses, raramente mais de um ano.

Após o primeiro episódio, há um risco de aproximadamente 90% de o paciente ter outro episódio em algum momento de sua vida. Dentre aqueles pacientes que apresentam um episódio depressivo, há uma chance de 5 a 15% de que sejam efetivamente bipolares.

Causas:

1. Existe um componente Genético

2. Alterações cerebrais associadas a desequilíbrio de substancias intracelulares envolvidas na regulação de neurotransmissores (dopamina, noradrenalina e serotonina)

3. Alterações súbitas na estrutura ou na função de áreas cerebrais que participam da regulação do humor

Sintomas:

Nos episódios maníacos ocorre euforia, aceleração psíquica, irritação que pode levar a agressividade verbal e/ou física. Aumento de energia e redução da necessidade de sono. O pensamento é acelerado com aumento do fluxo de ideias, não consegue falar tudo que vem a mente ao mesmo tempo, não consegue manter a atenção em um único foco, faz várias coisa ao mesmo tempo e não consegue terminar. Os sentimentos podem ser de alegria exagerada e grande euforia ou agitação. Autoconfiança e otimismo extremos, sentimento de poder, influencia, inteligência e riqueza. Aumento da libido. Pode achar-se imbuído de poderes ou dons especiais.

Nos episódios hipomaníacos os sintomas são menos severos. O grau de aceleração é menor, o aumento de energia pode ser produtiva, porém a pessoa se dispersa e perde mais tempo com detalhes.

Os episódios depressivos são caracterizados por tristeza, apatia, desanimo e falta de prazer. Lentificação física e psíquica, com dificuldade de concentração levando a um raciocínio lento. O pensamento é pessimista, tem preocupações negativas, sentimento de culpa e inutilidade. O sono pode estar diminuído ou aumentado. Pensamentos de morte podem levar ao suicídio.

Qual a importância do apoio familiar ?

A família e o paciente necessitam de apoio e psicoeducação para entender o transtorno bipolar.

As Medidas psicoeducacionais tem como objetivo dotar o paciente e familiares de conhecimentos teóricos e práticos para compreender e lidar com a doença e suas consequências.

1.É importante saber as características da doença, os altos níveis de recorrência e a sua condição de cronicidade

2.Saber sobre possíveis fatores desencadeantes e ajudar o paciente a encontrar os seus próprios

3.Esclarecer sobre os medicamentos enfatizando vantagens do uso e possíveis efeitos colaterais

4.Detecção precoce dos sintomas como necessidade diminuída de sono, pensamento rápido e hiperatividade

5.Riscos de uso de drogas ilícitas

6.Orientar alimentação saudável e atividade física

7.Orientar quanto ao tratamento na Gravidez

8.Alertar sobre Risco de suicídio

9.Aprender a lidar com o estigma da doença

Qual o tratamento disponível no SUS e como conseguir os medicamentos?

O tratamento é medicamentoso e psicoterápico. A medicação mais utilizadas são os estabilizadores do humor especialmente o Carbonato de lítio que é dispensado na rede pública de saúde

O que fazer em caso de uma crise? Como agir para ajudar outra pessoa em caso de crise?

Procurar atendimento médico para avaliação e tratamento. Em casos de depressão grave com risco de vida, deve-se levar ao pronto socorro. Na mania e na hipomania é preciso convencer o paciente a tomar a medicação. Caso ele recuse deverá ser avaliado uso de medicação injetável e possível internação para estabilização do quadro.

Blog da Saúde



Raul Damasceno é psicólogo, especialista em bipolaridade
e idealizador da Página "Bipolaridade em Foco".